Toma Clancy's Splinter Cell

Após quatro anos em hiatus, Splinter Cell volta com Conviction, um título que torna Sam Fisher num predador à solta em busca de vingança. A proposta da Ubisoft é diferente mas, na minha opinião, nada arriscada. Splinter Cell: Conviction será tipicamente Tom Clancy com acção e conspiração mas desta vez marcamos a rota segundo os nossos interesses e não os de uma organização erguida nas sombras.

Embora o enredo de Splinter Cell: Conviction esteja ligado e de certa forma dependente dos jogos anteriores, em especial Splinter Cell: Double Agent, é um jogo que pode ser compreendido e apreciado mesmo por pessoas estranhas à série. No caso destas, porém, a transformação não será perceptível, transformação esta que é um dos toques com mais brio no título.

Em suma, o Sam Fisher que encarnamos fará o mesmo uso das sombras que fazia no passado, terá armas primárias e secundárias e acessórios como granadas e EMPs que interferem com os sistemas eléctricos. A diferença jaz na nova postura de predador de Fisher que adopta a máxima de Niccolò Machiavelli - os fins justificam os meios. Contudo esta postura não seria mais que um filtro visual e contextual se a equipa da Ubisoft não tivesse feito os ajustes necessários à jogabilidade.


Começemos pelas ferramentas ao dispor de Sam Fisher em Splinter Cell: Conviction. A arma primária - pistola com silenciador - é o braço direito de Fisher, como sempre o foi ao longo da série. Mais que nunca, visto que Sam Fisher em Conviction é um exército de um homem só, a arma secundária, que inclui metralhadoras e caçadeiras, torna-se tão imprescindível como a primária, especialmente quando os inimigos nos encurralam.

Tendo em conta que somos um lobo solitário e dependente dos próprios meios, começamos o jogo com uma pistola. O catálogo de armas disponíveis é preenchido pelo jogador à medida que defronta inimigos com diferente equipamento bélico. Toda e qualquer arma ou acessório é passível de sofrer upgrades que silenciam a arma, aumentam o alcance, a força de impacto e o número de alvos que podemos marcar para executar rapidamente. Estes upgrades têm custos e a moeda de troca são pontos ganhos por completar desafios opcionais específicos, como por exemplo, executar um certo número de inimigos com headshots ou utilizar o que nos rodeia para interrogar as nossas presas principais. Podermos melhorar as nossas armas oferece um incentivo adicional mas se partirmos do princípio a evoluir a melhor arma primária e a secundária que mais se adequar ao nosso estilo de jogo, não haverá muitas armas para evoluir e acumularemos pontos que de nada servirão.

Disparar funciona da mesma forma que nos títulos anteriores. Na minha opinião a sensibilidade está um pouco elevada mas para quem não se atrapalhou com o sistema nos outros jogos também não terá dificuldade em provar-se como um atirador exímio em Conviction.

Porém, o vasto arsenal é apenas um aspecto novo de Splinter Cell: Conviction. Não saindo ainda do território do armamento bélico, Sam Fisher tem a capacidade de marcar e executar alvos escolhidos. Esta habilidade tem o nome de Mark and Execute e depende directamente da arma escolhida para o feito. Dependendo da arma e da falta ou existência de um upgrade, Sam Fisher poderá marcar tantos alvos e executá-los na ordem escolhida com um toque por cabeça no botão Y desde que estejam todos dentro do alcance do predador. Contudo, foi a fazer uso desta nova faceta de Splinter Cell: Conviction que me deparei repetidas vezes com um erro no jogo. O erro consisitia em Sam Fisher disparar e executar com um headshot um alvo marcado que já se encontrava atrás de uma divisória de escritório, logo, fora do campo de visão.

Outra novidade que afecta a jogabilidade é a Last Known Position. Sem os famosos night vision goggles, Sam Fisher continua a esconder-se nas sombras e planear os seus ataques enquanto invisível. Nestas alturas o ecrã perde a cor e assume tons de cinzento informando-nos desta forma que os inimigos não nos vêem. A nossa posição pode ser revelada através da exposição à luz ou de disparos. Quando somos descobertos e voltamos às sombras, uma imagem negativa fica a marcar a última nossa posição conhecida ao inimigo. Esta característica abre oportunidades para um uso estratégico do conhecimento do adversário, tendo em conta que os soldados que nos atacam continuaram a focar a zona onde nos viram antes.

O combate corpo a corpo também recebeu uns ajustes de forma a tornar Sam Fisher numa arma letal quando a curta distância. Pressionando o botão B, Fisher incapacitará e executará um inimigo ao alcance dos seus braços, eliminando-o com o mínimo de ruído. As animações destas execuções de perto estão brutais, tanto pelo espectáculo que dão como pela violência crua que demonstram. Soltando-se de um parapeito ou de outro ponto de apoio para cima de um inimigo também resultará na morte deste último sem que ele saiba o que lhe aconteceu. Em poucas palavras, Sam Fisher é uma autêntica arma por si só.


Para ajudar Sam a navegar sem ser detectado temos uma mecânica de cobertura melhorada. Esta habilidade já fazia parte do arsenal de Fisher mas desta vez torna-se mais crucial e, visto estar belissimamente implementada, é mais uma ferramenta ao nosso dispor.

Em termos de IA, Splinter Cell: Conviction apresenta um produto robusto na maioria das vezes. A única altura em que podemos duvidar da inteligência dos indivíduos que nos opõem é quando nos escondemos nas sombras e eles passam a menos de um metro sem repararem que existe um homem a caminhar para a terceira idade armado até aos dentes. De resto, a movimentação em grupo após sermos descobertos é frequentemente bem planeada e eficiente com inimigos a procurarem espaço para nos flaquearem enquanto outros nos distraem com granadas e fogo cerrado.

Graficamente Splinter Cell: Conviction está muito bom sofrendo apenas com alguns pormenores como as animações dos diálogos em que a boca dos personagens imita todos os movimentos menos os que devia e fora do tempo. O framerate também não é constante, mostrando uma falta de fluidez estranha durante as cutscenes e baixando normalmente em confrontos com vários intervenientes. De resto, as texturas são boas e acima de tudo a direcção artística conseguiu mudar o estilo visual dos anteriores, com cores mais agressivas enquanto há luz a contrastarem com os sóbrios tons de cinzento que anunciam a morte de todos os que se cruzarem despercebidamente com Sam Fisher.

Ao nível do som Splinter Cell: Conviction não tem qualquer falha. As vozes estão espectaculares com o regresso de Michael Ironside para encarnar Sam Fisher, como não podia deixar de ser, os diálogos estão ao nível de um filme do género pronto para passar no grande ecrã, as armas têm todas um som específico e as explosões nunca vêm só com o ruído de estelhaços a seguirem o estrondo inicial.

Se a história de Splinter Cell: Conviction, um misto de 24 com Jack Bauer e trilogia Bourne, chegar para satisfazer os jogadores existem ainda outros dois modos que completam a experiência, um deles obrigatório na minha opinião. Este que classifico como mandatório é o Multiplayer Co-op, local em split-screen ou online. A opção split-screen permite que jogadores que não tenham uma subscrição Gold tenham a experiência co-op.

Neste modo dois jogadores vestem a pele de dois agentes, Archer e Kestrel, e têm como objectivo completar quatro missões havendo uma extra que não se pode qualificar exactamente como missão. O mais interessante neste modo, para além do facto de trabalharmos nas sombras em equipa com um amigo ou desconhecido, é o facto de estas missões formularem um pequeno prelúdio à conspiração que marca a história principal.

Tirando a história e missões, os jogadores podem escolher um tipo de jogo nos quatro mapas onde as missões co-op se passam. Hunter estabelece um número de inimigos que populam uma certa área. Os jogadores têm que os eliminar antes de passar à próxima zona do nível e se forem descobertos, o número de inimigos aumenta e estarão alertados para a sua presença. Last Stand é o modo survival de Splinter Cell: Conviction, algo novo na série, um modo que dá mais ênfase à acção dos tiroteios do que ao planeamento secreto nas sombras, embora não descarte a última parte. Infiltration é um modo para os puristas do género stealth. Neste modo assim que os jogadores são descobertos é gameover. Ainda no online, os jogadores podem deixar o co-op para trás e tentar o competitivo. Face Off junta dois jogadores um contra o outro no meio de vagas de inimigos comuns. Estes modos estão também acessíveis offline para um jogador apenas. Não é tão apetecível jogar sozinho e perder a experiência da cooperação.

Resumindo e concluindo, Splinter Cell: Conviction é o regresso que Sam Fisher merece. Ao longo do jogo a história pode parecer demasiado semelhante aos títulos Splinter Cell anteriores mas a nova postura de Sam Fisher e o novo ritmo de jogo, magnificamente conseguido ao longo deste capítulo, tornam Conviction numa obra marcadamente diferente das restantes. Há erros que saltam à vista aqui e ali mas de um modo geral Splinter Cell: Conviction é apenas atrapalhado pelo seu framerate instável e nunca brilhante. Não obstante, é um título que agradará os fãs da série e do género e para alguns uma boa razão para comprar uma Xbox 360 ou fazer uns upgrades ao PC que terá uma versão a sair mais tarde que a do console.

Fonte:ezmygames

StumbleDiggTechnoratiRedditDelicious

Comentários